quinta-feira, 3 de maio de 2012

Pecado: brincou, caiu



O caminho da águia é no céu (Pv 30.19). Ela não foi cri­ada para viver se arrastando nos vales da vida e nas depres­sões da terra. Deus a criou para as alturas.
A águia tem vocação para as alturas. Ela é a rainha do espaço, a campeã dos voos altaneiros. Ela galga as alturas excelsas com suas possantes asas e voa com segurança e pro­digiosa desenvoltura sobre o pico dos mais altos mon­tes. Ela não é como o inhambu, que vive tomando tiro na asa, presa fácil dos caçadores, porque só voa baixo.
Há muitas pessoas que vivem também num plano muito inferior, voando baixo demais, sofrendo ataque de todos os lados, porque não saem das zonas de perigo, vivem pisando em terreno minado, vivem com os pés no território do adver­sário. Por isso, constantemente estão feridas, machucadas, porque não alçaram voo um pouco mais para cima.
Há crentes que vivem arraigados no mundo, estão na igreja, mas não se libertaram do mundo. São crentes que se conformam com o presente século. Adaptam-se aos esque­mas e valores do mundo, seguem o curso do mundo e são amigos do mundo. São pessoas de coração dividido, que querem servir a Deus, mas não estão dispostas a renunciar o mundo. Amam os prazeres do mundo, vivem para agra­dar os ditames da carne e satisfazer seus desejos imediatos.
Como é triste perceber que muitos crentes têm sido se­duzidos pelas atrações e prazeres efêmeros do mundo! Como Esaú, vendem o seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas. Trocam a paz de uma consciência pura por um momento de prazer. Trocam a alegria da salvação por um minuto de pecado.
Há crentes, hoje, que estão em amargura de espírito, no laço do passarinheiro, debaixo de opróbrio e vergonha, por­que brincaram com a graça de Deus, foram profanos e zom­baram do pecado. A Bíblia diz que quem zomba do pecado é louco (Pv 14.9).
Sansão era um homem consagrado a Deus. Era um nazireu. Como tal não podia tocar em cadáver, beber vinho nem cortar o cabelo (Nm 6.1-4). Estes eram os seus votos de consagração ao Senhor. Sansão cresceu num lar piedoso. Seus pais andavam com Deus. Ele era um jovem forte, poderoso, muitas vezes possuído e usado pelo Espírito Santo.
Mas Sansão não perseverou na santidade, Ele brincou com o pe­cado. Ele não levou Deus a sério. Ele fez pouco caso de seus votos de consagração. Por isso, foi afrouxando seus com­promissos, foi transigindo com o pecado, foi anestesiando sua consciência, foi caminhando em direção ao abismo, foi descendo para os lugares baixos e tenebrosos, afogando sua alma no lodaçal pestilento da desobediência. Sansão que­brou o seu primeiro voto de consagração ao procurar mel na caveira de um leão morto (Jz 14.8,9).
Há muitos crentes, hoje, também, procurando doçura e prazer no pecado. Sansão quebrou seu segundo voto de consagração ao dar um banquete de sete dias, regado a vinho, para seguir a moda dos jovens de sua época (Jz 14.10). Sansão caiu quando quis seguir a moda. Sansão não teve coragem para ser diferente. Ele cedeu à pressão do grupo. Ele tor­nou-se massa de manobra. Em vez de influenciar, foi influ­enciado.
O povo de Deus precisa ter fibra. O cristianismo não serve para gente covarde (Ap 21.8). Não vivemos para agradar a homens (Gl 1.10). Há muitos pais cristãos que, ao celebrarem a festa dos 15 anos de suas filhas ou as bodas de casamento, regam a festa com cerveja e wisky, porque têm medo de quebrar as etiquetas sociais. Não têm mente de Cristo. Vivem, não pelas leis do céu, mas pelas imposições do mundo.
Sansão quebrou o seu terceiro voto de consagração, de­pois de macular sua honra, deitando-se com uma prostituta em Gaza (Jz 16.1). Dali saiu e deitou no colo de uma mulher ímpia e traidora. Sansão era um gigante. Sua força era descomunal, colossal, hercúlea. Sozinho vencia exércitos. Ninguém podia subjugá-lo. Ele era invencível. Mas o peca­do o derrubou.
Ele ficou preso pelas próprias cordas do seu pecado. Ele tornou-se cativo de suas paixões. Ele dominava exércitos, mas não conseguiu dominar seu próprio coração. Ele venceu com uma queixada de jumento mil filisteus (Jz 15.15), mas foi vencido pelas suas paixões sexuais. Seu ca­belo foi cortado, seu voto foi quebrado. O Espírito de Deus retirou-se dele (Jz 16.19 e 20). Tornou-se, então, um homem comum, fraco, impotente. Os inimigos o subjugaram, vaza­ram-lhe os olhos.
Seu nome significa sol, mas ele ficou em profunda escuridão. Foi vencido porque, em vez de voar nas alturas como a águia, ficou ciscando lixo e entulho, como uma galinha, com os pés na lama.
Deus nos chamou para voar como a águia. Diz o após­tolo Paulo: "Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.1,2).

Retirado do livro “Voando nas Alturas”, de Hernandes Dias Lopes

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